sábado, 4 de julho de 2009

Lendo sobre HONDURAS

Ademais, se a imprensa brasileira — e não apenas ela — não sabe ler e se nega a fazer uma coisa básica, que é consultar a Constituição de Honduras, o que posso fazer? Lamentar
 
Do Reinaldo Azevedo da Veja.Com
 
 
 
 
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e na íntegra no  Estadão
 
Empresário e fazendeiro, o espetaculoso Zelaya se elegera três anos antes pelo Partido Liberal, não menos conservador, apesar do nome, que a outra agremiação, o Partido Nacional, com a qual compartilha a hegemonia política. A sua surpreendente aproximação com Chávez o levou a convocar por decreto, em março, uma consulta popular que dividiu os seus correligionários, rompeu o tácito pacto de poder estabelecido entre as duas legendas e, mais importante ainda, alinhou contra si a Suprema Corte e o Congresso. Ambos os poderes consideraram ilegal o plebiscito convocado para domingo, no qual o eleitorado deveria se pronunciar sobre a eventual convocação de uma Constituinte juntamente com as eleições gerais de 29 de novembro. Ficou patente que a intenção de Zelaya com a nova Carta era reproduzir em Honduras o padrão chavista da reeleição presidencial adotado na Bolívia e no Equador - para não falar do caso-limite da própria Venezuela, onde o caudilho conseguiu aprovar o direito de ser reeleito quantas vezes consiga.

A firme oposição do Parlamento - que aprovou lei proibindo a realização de consultas populares 180 dias antes e depois das eleições - e da Suprema Corte à ideia, reprovada também pela imprensa hondurenha, não o fez recuar, como seria o caminho natural de um governante comprometido com a manutenção das instituições democráticas. E, na semana passada, quando o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Romeo Vasquez, se recusou a engajar a tropa no apoio logístico à consulta - como é de praxe nas eleições do país -, Zelaya jogou gasolina no incêndio, destituindo-o. Na sexta-feira, numa entrevista à CNN, ele deu o dito pelo não dito, mas, a essa altura, o estrago estava feito. A Suprema Corte ordenou que o Exército destituísse o chefe do governo e o embarcasse para o exterior, por manter a consulta declarada ilegal, enquanto os deputados nomeavam para o seu lugar o presidente do Congresso, Roberto Micheletti.

Em Honduras, não houve reação contra a derrubada de Zelaya. Os protestos vieram do exterior. A Organização dos Estados Americanos, por exemplo, condenou o contragolpe, invocando a sua Carta Democrática - que, por ironia, é criticada pelos membros da Alba por "induzir a um determinado tipo de democracia" -, o mesmo tendo feito o caudilho Hugo Chávez. O presidente Barack Obama cobrou das autoridades hondurenhas o respeito às normas democráticas e a recondução de Zelaya. O Itamaraty entrou na competição para liderar o processo de normalização da situação. E Chávez, como sempre, mobilizou suas Forças Armadas.
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Entenda a origem da crise em Honduras BBC Brasil

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